domingo, 9 de julho de 2017

O Lobo do Mar


«O indivíduo nada vale no mundo, só tem valor para si próprio, o que se dá. Portanto, tal valor é fictício.»

«Devem ser felizes os sentimentalistas, no sonhar e achar coisas boas na vida, e porque acham coisas boas, sentem-se bons.»

«O que há de mais belo que o espírito mortal a destacar-se de sua terrena prisão de carne?»

«Sentimentalistas! Esses homens vomitam blasfêmias porque foram frustrados uma vez. Uma orgia de bestialidade é o que melhor exprime o que há dentro deles, das altas aspirações, aos ideais e passando pelo que chamam erroneamente: espiritualidade. São umas bestas anímicas!»

«Lamento minha castidade sombria e enclausurada... rompida apenas uma vez, e com que sordidez!»

«Fiz projeções e materializei-as em homens. Fiz de minha companhia as projeções... não os homens.»

«Certas pessoas insistem em invadir o nosso domínio de pensamento - justamente pessoas que vivem presas ao plano vegetativo da mera existência.»

«Sonhar e viver na ilusão dá maiores deleites, e o deleite, afinal de contas, é a recompensa da vida. Quem se deleita pela vida adentro vive mais, e seus sonhos e realidades perturbam-nos menos do que a mim me perturbam os fatos.»

«Jamais tente dividir suas alegrias com alguém mais; as pessoas são solitárias na dor, não no prazer.»

«Sou mais rico em sabedoria do que esses ignorantes que me cercam, mas eles gastam mais do que eu, e mais livremente... porque nada lhes custa.»

«Eternidade é eternidade, e embora você morra aqui nesse mundo, continuará vivendo em outro, para todo o sempre. E o que há de mais belo que o espírito imortal, a destacar-se da sua terrena prisão de carne.»

«Um homem não pode fazer mal a outro homem, pode apenas fazer mal a si próprio. De modo como vejo as coisas, erro sempre que atendo aos interesses dos outros. Compreende? Como pode duas partículas de fermento fazer mal uma a outra, se cada uma delas luta apenas para dois fins: devorar e não ser devorada? Quando se afastam disso, erram.»

«Canto dos ventos Alísios: Oh, sou o vento que os marujos amam... Firme, forte, leal, verdadeiro. Pelas nuvens lá em cima eles acompanham o meu curso, pelas nuvens lá em cima do azul dos trópicos. Com a luz do dia ou a treva da noite eu sigo o barco, e sigo seu rasto como o cão segue a caça. Sou bem forte ao meio-dia, mas também a noite sei enfunar uma boa vela desfraldada.»

«Às vezes apanho-me a desejar ser também cego quanto às realidades ásperas da vida e só conhecedor das suas ilusões. São falsas essas ilusões; falsíssimas e contrárias à razão; mas diante delas me cochicha – enganosamente – que sonhar e viver na ilusão dá maiores deleites. E o deleite, afinal de contas, é a recompensa da vida. Sem deleites nada vale a vida. Trabalhar e viver sem recompensa, sem paga, é pior que a morte. Quem se deleita pela vida adentro vive mais – e seus sonhos e irrealidades perturbam-nos menos do que a mim me perturbam os fatos. Freqüentemente duvido do valor da razão. Sonhos devem ser mais substanciais, mais gratos ao nosso imo. Os deleites emotivos superam os deleites intelectuais; além disso a gente paga o deleite intelectual com o tédio, a tristeza azul. Já o deleite da emoção traz apenas o cansaço dos sentidos, que o descanso cura. É o meu cérebro que os inveja, notem bem – nunca o coração. Minha razão produz essa inveja. Vem do intelecto. Vivo qual um homem que não bebe e tem em torno de si bêbedos felizes. Ou como um homem cheio de sabedoria que olha para os ignorantes e anseia por ser um deles...»

«Não vê que em matéria de oferta e procura a vida é a mercadoria mais barata que existe? Tudo tem limitações, menos a vida. Existe tanto de ar, tanto de água, tanto de terra. Quantidades limitadas. Mas a vida que procura brotar não tem limites. A natureza é infinitamente pródiga de vida. Veja o peixe e seus milhões e milhões de ovos. Em nós dois, por exemplo. Há em nós dois, em nossas glândulas, possibilidades para milhões de vidas. Tivéssemos tempo, e meios de utilizar o que há de vida em nós dois, e seríamos progenitores de continentes inteiros. Vida! Bah! Não tem valor. Entre as coisas baratas é a mais barata. Por toda parte vejo-a mendigando. A natureza derrama vida com mão larga. Onde há lugar para uma vida a natureza faz brotar mil. E a vida devora a vida para que sobreviva a mais forte.»

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